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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

História do Romantismo

Foi na década de 1830, que romances estrangeiros principalmente franceses, foram traduzidos e exibidos em jornais brasileiros em forma de folhetins.
Com o sucesso dos folhetins, escritores nacionais passaram a criar romances verdadeiramente brasileiros.
Os romances, marcados por lances melodramáticos e finais felizes faziam o gosto do público jovem da corte. Apresentavam também em seu enredo características da vida da elite brasileira.
O romance urbano ou de costumes tem como característica a preocupação em ilustrar as paixões, os interesses e o comportamento de uma classe social específica em uma determinada época. A estrutura típica desse romance apresenta um herói e uma heroína, que se apaixonam um pelo outro e precisam superar obstáculos para viverem felizes para sempre.
    Além de noticiar os principais acontecimentos, os jornais publicavam nos periódicos os romances, que tinham como público, aqueles que acompanhavam e apreciavam as historias folhetinescas.
     Os escritores usavam uma linguagem acessível aos leitores. Entretanto, eram certos aspectos que dava um ar sedutor e íntimo, no entanto simples, ao romance.
     Os principais autores do romance urbano foram:

  • Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882)
  • José de Alencar (1829-1887)
  • Manuel Antonio de Almeida(1831-1861)


A Moreninha

A moreninha constitui-se numa pequena revolução literária no Brasil imperial, inaugurando o romance brasileiro e até hoje é reeditado como relativo sucesso e ainda lido com prazer.
Essa obra conta a história de dois jovens, Augusto e Carolina, que se conhecem aidna crianças em uma praia. Nesse primeiro encontro, juram amor eterno e como prova de fidelidade, trocam dois breves, um branco e um verde.
Anos mais tarde, já cursando Medicina no Rio de Janeiro, Augusto, que tem fama de inconstante, faz uma aposta com amigos: se premancecer apaixonado pela mesma moça durante um mês, escreverá um romance. Ao visitar a casa da avó de um colega, conhece a irmã do rapaz, também chamada de ‘’a Moreninha’’. Ela é Carolina de sua infância, mas ele não reconhece.
Muitas peripécias interferirão no destino dos jovens apaixonados, até que em uma cena emocionada, Carolina dá um breve a Augusto, para ajudá-lo a encontrar a menina a quem ele jurara amor eterno e pedir que o libere da promessa. Quando abre o breve, o rapaz descobre que Carolina era a menina da praia. Com o reconhecimento, está aberto o caminho para o final feliz dos dois protagonistas.







“Quanto aos homens ... Não vale a pena!... vamos adiante.
                                 (Joaquim Manuel de Macedo. A Moreninha. Capítulo III)

Download da obra: A Moreninha

 

Joaquim Manuel de Macedo

Joaquim Manuel de Macedo nasceu em Itaboraí, 24 de junho de 1820.
Filho de Severino de Macedo Carvalho e Benigna Catarina da Conceição. Há pouquíssimos registros acerca da infância e adolescência de Joaquim Manuel de Macedo, mas sabe-se que, ainda em sua cidade natal, colaborou em semanários como: O Itaboraense e O Popular, dando início a uma atividade jornalística que jamais abandonaria.
 Apesar de formar-se em medicina, parece que não tinha vocação para a ciência médica, e nem chegou a exercer a profissão. Mesmo por que, o ano de sua formatura, 1844, é o mesmo da publicação de "A Moreninha", escrito em um mês, durante suas férias acadêmicas, e cujo sucesso imediato abriu-lhe amplas perspectivas para a carreira de romancista.
Deu aulas de História e Geografia do Brasil no Colégio Pedro II e foi professor dos filhos da princesa Isabel. Escreveu 18 romances, dentre os quais se destacam:

  • A Moreninha (1844)
  • O moço Loiro (1845)
  • A luneta mágica (1869)

Além de um bom humor, uma dose de suspense também é componente fundamental das histórias que escreveu. Mestre na arte do folhetim, Macedo sabia como entrelaçar vários fios narrativos, criando para o leitor momentos de emoção imprevistos e cenas cômicas que ajudam a desfazer a tensão, enquanto o narrador prepara o final feliz reservado para os protagonistas.

Senhora - José de Alencar

Os protagonistas de Senhora são Aurélia Camargo e Fernando Seixas. Apaixonados na juventude, acabam se separando por problemas financeiros.Seixas aceita dote para ficar noivo de uma moça mais rica, Adelaide Amaral. Quando recebe uma grande herança de seu avô, Aurélia resolve vingar-se da humilhação que foi submetida por Seixas. Decide casar-se com o rapaz e, para tanto, ‘’compra-o’’ com um dote de 100 contos de réis.
Alencar através de Aurélia faz uma grande crítica à sociedade da época: é independente, capaz de cuidar da própria vida e até mesmo de gerir sua fortuna. Mas se vê obrigada a atender às exigências da sociedade da época, que espera que as moças arrumem um marido para assumir o perfil idealizado para as moças honestas. A crítica, porém, não apaga a história de amor. Pelo contrário, é o amor que sente por Aurélia que desencadeará a transformação em Seixas.

‘’O mundo tem o direito de exigir de mim a dignidade da mulher; e esta ninguém melhor que o senhor sabe como a respeito. Quanto a meu amor não devo contas senão a Deus que me deu uma alma, e ao senhor a quem a entreguei.’’
(José de Alencar. Aurélia Camargo – Senhora)

Download da Obra : Senhora

José de Alencar

José Martiniano de Alencar nasceu em Fortaleza, no bairro Messejana em 1 de maio de 1829 .
Nasceu da união entre padre José Martiniano de Alencar e a prima Ana Josefina. A paixão proibida fez com que o pai do escritor, depois de largar a batina saísse de Mecejana¹, no Ceará, para o Rio de Janeiro, onde faria carreira política.
Alencar com 9 anos, conta que a viagem do Ceará à Bahia, feita por terra, produziu impressões marcantes e fez com que se interessasse pela paisagem brasileira, que mais tarde apresentaria nos romances que escreveu.
Além de seguir os passos do pai na carreira política, Alencar tornou-se um escritor consagrado ainda em vida, acumulando sucessos com as narrativas publicadas nos folhetins do Diário do Rio de Janeiro.
José de Alencar foi quem deu ao romance urbano uma forma mais acabada. De modo um pouco diferente dos outros escritores desse período, Alencar prioriza as relações humanas, estudadas em função do ambiente em que se encontram as personagens.
Dentre os muitos romances escritos por Alencar, que constituem uma verdadeira crônica de costumes do Rio de Janeiro do século XIX, destacam-se: 

  • Cinco Minutos (1856)
  • A viuvinha (1857)
  • Lucíola (1862)
  • Diva (1864)
  • Senhora (1875)

Lucíola - José de Alencar

     Na melhor tradição romântica, Lucíola é um livro onde se debatem paixões tórridas e contraditórias. O amor que não resiste às barreiras sociais e morais. Assim é o romance da bela Lúcia, a mais rica e cobiçada cortesã do Rio de Janeiro, e Paulo, um jovem modesto e frágil. Um romance que sacode a corte e provoca um excitado burburinho na sociedade. 
     De um lado a mulher que, sendo de todos, jurava não prender-se a nenhum homem, de outro o homem em dúvida entre o amor e o preconceito.José de Alencar utiliza este instigante argumento para descrever a enorme atração física entre um homem e uma mulher. A pena moralizadora do escritor busca a idealização espiritual da prostituta que quer se modificar e a alma pura de Paulo cuja amor arrebatador supera todas as barreiras. 
     Lucíola é um dos mais curiosos trabalhos de José de Alencar. Há nele um clima de sensualidade constante combinado com o ardor e sofrimento, bem no clima da literatura romântica que predominava na segunda metade do século passado quando foi escrito este romance.

''Beija-me também, Paulo. Beija-me como beijarás um dia tua noiva! Oh! agora posso te confessar sem receio. Nesta hora não se mente. Eu te amei desde o momento em que te vi ! Eu te amei por séculos nestes poucos dias que passamos juntos na terra. Agora que a minha vida se conta por instantes, amo-te em cada momento por uma existência inteira. Amo-te ao mesmo tempo com todas as afeições que se pode ter neste mundo. Vou te amar enfim por toda a eternidade. ''
                                            (José de Alencar. Lucíola. Capítulo XXI)

Download da obra :  Lucíola

Memórias de um sargento de Milícias - Manuel Antônio de Almeida

  A obra conta as aventuras de Leonardo ou Leonardinho, filho ilegítimo dos portugueses Leonardo Pataca e Maria da Hortaliça. Como os pais não desejassem criá-lo, Leonardo fica por con¬ta de seu padrinho (um barbeiro) e de sua madrinha (uma parteira), após a separação dos seus progenitores.
    Sempre metido em travessuras, desde cedo Leonardo mostra-se um grande malandro. Já moço, apaixona-se por Luisinha, mas põe o romance a perder quando se envolve com a mulata Vidinha. A primeira decide, então, casar-se com outro.
    Tempos depois, Leonardo é preso pelo Major Vidigal, enfrenta diversos problemas, mas acaba sargento de milícias. Quando da viuvez de Luisinha, reaproxima-se da moça. Os dois casam-se e Leonardo é reabilitado.
   '' Realmente, a ser verdade o que pensavam, não haveria ingratidão mais negra do que a do Leonardo para com aquela que tão benignamente o acolhera. Nas invectivas a cada momento dirigidas contra ele, Vidinha tomava sempre o primeiro lugar, e tinha razão para isso; além de ter contra ele as razões que tinham todos os outros, tinha ainda o despeito do amor ofendido. Em certos corações o amor é assim, tudo quanto tem de terno, de dedicado, de fiel, desaparece depois de certas provas, e transforma-se num incurável ódio.''
                                        (Manuel Antônio de Almeida. Memórias de um sargento de milícias. Capítulo XVII)

Download da obra:  Memórias de um sargento de milícias